quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Singularidades das paisagens serranas


   

  A imponente serra do Ororubá serve de cenário para a comunidade indígena Xukuru do ororubá na região agreste central de Pernambuco onde causa uma grande fascinação pela sua fauna e flora,suas cachoeiras, sua cumeeira lendária, pela sua importância como lugar geológico e geomorfológico, mas, acima de tudo, pelo testemunho  que salvaguarda a memoria do período colonial. 



  As grandes atividades atividades humanas nesse lugar começaram no período pré-colonial por grupos indígenas, em seguida  pelos  colonizados portugueses e , posteriormente, pela modernização de novas técnicas de trabalho advindas da industrialização. Os recursos naturais  forneceram a base da prosperidade econômica até meados do século XX onde todo esse ciclo de produção se vê expresso na bela arquitetura colonial da fazenda histórica de Santa clara.


Todo o  entorno paisagístico indica  a  historia da interação do homem em atribuir e imprimir identidades , logo, tudo o que é natural é também cultural. Ao pé da serra do ororubá a cultura indígena local organiza, compreende e dela faz o uso. Apenas os homens podem conferir valores a um recurso natural, a uma paisagem salvaguardando suas identidades interiorizadas 

  Segundo ALMEIDA & RIGOLIN (2005), é nas paisagens que estão inseridos todos os elementos presentes no espaço geográfico: os elementos naturais (vegetação, relevo,geomorfologia, clima, etc.) e os elementos humanos ou culturais (que são os produzidos pela sociedade: casas, currais, estradas, jardins).
 
  Quando observamos as fotografias anexas das paisagens situadas no pé da serra  podemos apontar os elementos que formam a paisagem desse lugar: matas, serras, casas, cercas, etc. No entanto, ate os pequenos lotes territoriais descrevem as relações sócio-econômicas locais e a plasticidade da cultura em estabelecer o seu domínio com a natureza , responsáveis, assim, pelo "retrato" de um lugar, ou melhor, um insight cultural.




terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Rocailles: luxo e extravagância


Do francês rocaille (concha, cascalho), mas apesar de já existirem na Grécia, o destaque luxuoso e não religioso desses elementos estéticos provem do estilo rococó (também chamado estilo Luis XV) que se desenvolveu principalmente no sul da Alemanha, Áustria e França, entre 1730 e 1780, caracterizados pelo excesso de curvas caprichosas e pela profusão de elementos decorativos como conchas, laços, flores e folhagens, que buscavam uma elegância requintada.

A estética rococó foi introduzida no Brasil a partir do século XVII pelo qual esta escola floresceu notavelmente no Nordeste, e muitos dos seus elementos eruditos decorativos mais característicos estão presentes na ornamentação carregada de diversas construções na cidade de Pesqueira.

Apesar de grande parte das fachadas das casas apresentarem esses rocailles elas não são do estilo rococó, mas pertencem ao estilo eclético que muito utilizou desses elementos com o intuito de expressar por meio dessas alegorias decorativas uma sensação de jocosidade na teatralidade, uma leveza na estrutura das construções, uma refinada artificialidade dos detalhes, bem como a extravagância do luxo das classes burguesas mas sem a dramaticidade pesada nem a religiosidade do barroco.

Assim, esse esplendor expressa ao observador uma alegria de viver por meio da decoração galante e nos convida a cortejá-lo por meio do exagero supérfluo.





A poética bucólica dos chalés


 "A casa é fisionomia da cultura” (Gilberto Freyre).

  Os chalés são construções que exemplificam bem as fronteiras  entre o popular e o erudito, pois representa na cidade de Pesqueira uma reinterpretação de um estilo europeu trazido pela elite econômica ou pelos imigrantes, e que posteriormente acabou assimilado e popularizado praticamente em vários pontos da cidade com o intuito de adotar características de residências rurais, construídas parcialmente em madeira, de algumas regiões européias, numa leitura claramente romântica. 

O seu telhado em duas águas dispostas no sentido contrário ao da tradição colonial, com as empenas voltadas para a rua, já indicava a necessidade do afastamento do prédio em relação aos limites do lote, transformando a repetitiva paisagem luso-brasileira.

  De madeira ou de alvenaria, algumas vezes com lambrequim (do Holandês: lamperkijm), Beiral, Friso e outros elementos que em sua poética  instigavam o observador a bucolizar  um estilo de viver "fugere urbem"  evocando a uma tranqüilidade dos campos às modernas técnicas construtivas. Evidentemente, essas construções só puderam ser desenvolvidas apenas em regiões abundantes em madeiras o que ocasionou em Pesqueira apenas a utilização destas apenas nos telhados em duas águas e a adaptação a outros materiais mais viáveis.