domingo, 26 de agosto de 2012





 A festa de Nossa Senhora das Montanhas


O festival acontece todos os anos, na Vila de Címbres, em Pesqueira, Agreste pernambucano, é comemorada a Festa de Nossa Senhora das Montanhas, padroeira do lugar. As celebrações começam no dia 23 de junho com a Buscada da Lenha. Os indígenas, cristianizados pelos oratorianos em meados de 1661, vão ao mato colher os restos de um angico derrubado de véspera, e voltam em procissão, a fim de acender em frente à igreja uma fogueira como forma de reverencia a divindade da natureza.Para a Igreja Católica a festa  é para Nossa Senhora das Montanhas. Para os indígenas Xukuru do ororubá é para mãe Tamain.

Logo após tem início a Novena, que se estenderá até o dia 1º de julho, quando é feita a festa oficial da santa. Mas, ao final do primeiro dia, já acontece uma outra celebração, em que os índios tocam o toré na Pedra Sagrada, e caminham de pés nus sobre as brasas da fogueira. São convocados os antepassados da tribo, a fim de que comemorem juntos com os vivos. E para que os mortos convidados não se percam de seus familiares na multidão, cada família traz na cabeça flores de cores diversas, que os identificam.

O ponto culminante da festa é a procissão, que reúne pelo menos 5 mil pessoas, também tem parque de diversão,bacamarteiros,cangaceiros, barracas de lanches e bares.

A festa não aparece como ruptura com o cotidiano, mas antes, como o seu engrandecimento, momento em que energias acumuladas “explodem” e toda a alegria, a exuberância, a beleza, a quebra das regras, o exagero são manifestados (LEFEBVRE, 1958).


Essa curiosa celebração tem semelhanças  aos cultos pagãos, de forte relação e diálogo com os elementos da natureza, cultos estes que traziam a garantia de fartura, de fertilidade e de proteção contra catástrofes naturais. 

A festa era, portanto, o momento oportuno para agradecer à natureza pela colheita recente e farta, a alegria e a energia do encontro e da atividade coletiva durante o período solsticial, que é o limite máximo alcançado pelo sol no horizonte dando a impressão de estabilização. Nesse dia, será a noite mais longa do ano, pois é quando recebe a menor quantidade de raios solares.

Com o crescimento do poder da Igreja Católica sobre a sociedade, a festa  (da e para a natureza) começou a representar uma ameaça à moral, à ordem, segundo os preceitos cristãos. A prática da festa deveria ser, portanto, absorvida pelos seus dogmas, sendo o calendário religioso um dos instrumentos desta cooptação.

A Igreja alterou os dias santificados para que coincidissem com os meses de trabalho mais leves, do inverno à primavera, do Natal à Páscoa, unindo o calendário católico ao agrário.Assim, a Igreja poderia ter o controle sobre a vida do homem na sociedade. 

consequentemente,como explica Thompson(1998: 51): A Igreja, ao permitir a permanência de alguns elementos ( os considerados“inof ensivos”) das manifestações festivas pagãs, foi caracterizando-os como “folclóricas” e que desempenham funções sociais no grupo indígena Xukuru do Ororubpa, através da transmissão de crenças e costumes, as quais se sintetizam como práticas estabelecedoras de elos entre o antepassado remoto e o presente que resistem quando ligados à superestrutura econômica e social.

A festa indígena de Cimbres expressa às apropriações e reinterpretações pelos Xukuru dos espaços e símbolos religiosos coloniais. e, constituíram em uma forma de afirmação cultural-étnica, de fortalecimento nas reivindicações dos direitos indígenas. Como expressam os Xukuru: mãe Tamain é aquela que leva a gente pra luta.com a força de Mãe Tamain, ninguém para a gente não. Mesmo quando nos era mais perseguido, nossa mãe sempre protegeu nosso ritual aqui na vila”. Visto que “Tamain nasceu em Cimbres, ela era um cabocla”. (NEVES, 1999, P.182)




foto 1. Imagem de nossa Senhora das montanhas.

foto 2. oferenda de agradescimento tamain.

                                          foto 3. hibridismo cultural entre a cultura indígena Xukuru do ororubá e a religiosidade catolica.
foto 4. missa.


foto 5. apresentações,cortejos e momentos de coletividade.


 foto 6.procissão.


foto7.mastro.


foto 8. interior da igreja de cimbres


foto 9. decoração para temporada de festas.


foto 10. fies em momentos de fé e resistência cultural.



créditos fotográficos:

www.xisclub.com.br




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